POR WELLINGTON RABELLO
Professores da rede estadual de ensino, em greve há 45 dias, realizaram ontem o enterro simbólico da governadora Roseana Sarney. O ato aconteceu no início da noite, em frente ao Palácio dos Leões, e teve como justificativa, segundo Júlio Pinheiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Maranhão (Sinproesemma), as ações do governo na tentativa de coagir os educadores para que a paralisação tenha fim.
Os manifestantes saíram da Praça Deodoro, em procissão, carregando um caixão e velas acesas. O cortejo seguiu pela Avenida Beira-Mar até a frente do palácio do governo estadual, onde as pessoas entoaram cânticos como se fossem ladainhas e as letras tentavam sensibilizar o Executivo para atender as reivindicações dos professores.
Segundo Júlio Pinheiro, o ato foi motivado pelo autoritarismo e pela violência institucional praticados pelo governo, que estaria usando de caminhos truculentos, para acabar com a greve. "O governo tem feito um verdadeiro terror, desrespeitando os professores, coagindo gestores regionais e diretores de escolas. E quer acabar com o nosso movimento por meio de decreto", declarou Pinheiro.
O sindicalista disse que o Sinproesemma busca, por meio de suas manifestações, retomar as negociações com a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), a fim de garantir a aprovação do Estatuto do Educador e o pagamento do piso nacional aos professores do Maranhão. Ele contou que o salário pago pelo governo, R$ 427, para início de carreira, está abaixo do nacional, que é de R$ 1.187, 77. "No entendimento do sindicato o rendimento em nosso estado deveria se de R$ 1.597, mas o governo não acata esse valor. O que ele tem feito é usar seus veículos de comunicação para confundir o povo, afirmando que o salário atual é o maior do Brasil", explicou.
Júlio Pinheiro afirmou que na quinta-feira da semana passada, dia 7, a secretária de Educação, Olga Simão, recebeu um grupo de educadores para uma reunião. Porém, segundo ele, não foi para discutir a pauta de reivindicações, mas somente para informar que o governo só retoma as negociações se os professores voltarem para a sala de aula. "Estamos há dois anos atendendo a esse pedido e não chegamos a lugar algum", disse o sindicalista.
Durante os discursos, em frente ao Palácio dos Leões, alguns grevistas disseram que estão firmes na paralisação e dispostos para negociar, mas que o governo é que não quer. Júlio Pinheiro informou que o Sinproesemma vai recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para provar que a greve é legal.
Interior mobilizado - Os protestos de ontem, em São Luís, contaram com a participação de professores de vários municípios. No ato realizado no início da noite estava presentes educadores de Barra do Corda, Tuntum, Presidente Dutra, Bacabal, Santa Inês, Viana, Pinheiro, Balsas, Peritoró, Caxias, Timon, Arari, entre outros.
Um educador do interior, presente à manifestação, aproveitou para denunciar que em vários municípios o governo está obrigando os professores a lecionarem disciplinas diferentes de suas formações, como a quem é habilitado em Português dar aulas de Filosofia. E que pedagogos estariam lecionando Química e Matemática.
(Jornal Pequeno)
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